sábado, 13 de julho de 2024

Rosas e o "Rosenplatz" no MAB/Blumenau


Outro dia, autografando no MAB-Museu de Arte de Blumenau, me deparei com o "Rosenplatz", um local, um recanto dedicado à flor "Rosa".

Pinturas tipo Bauermalerei encantam as paredes e aconchegam os olhos, o coração, a mente, a alma, o espírito... de que ali passa. 

Parei diante daquelas imagens pintadas... e vaguei no universo da imaginação...

Dr. Blumenau colhia rosas frescas, todos os domingos, bem cedo, e as entregava à sua esposa. Esta. por sua vez, fazia arranjos nos vasos e os espalhava pela casa. Doce perfume de rosas deviam espargir pelos ambientes, durante o dia todo, dando-lhes um aroma natural...  

Curiosa, procurei no livro "A Linguagem das Flores" - Tesouro Perfumado em Prosa e Verso, editado por Sheila Pickles, o que as páginas falam sobre esta flor tão peculiar.

Sobre as cores, diz ela:

Rosa - Amor
Rosa branca - Pureza e amor espiritual
Rosa amarela - Enfraquecimento do amor e infidelidade
(tenho que discordar, são tão luminosas, as amarelas!!!)
Rosa-de-cem-folhas - Embaixadora do Amor
Rosa moscada - Beleza caprichosa
Uma única rosa - Simplicidade

E continua a autora, com um poema de Safos de Lesbos (c.600 a.C.)

Se Zeus quisesse oferecer às plantas
Uma rainha para o mundo das flores,
A rosa seria a escolhida
E faria enrubescer a rainha de cada bosque.
Filha mais doce das manhãs orvalhadas,
Jóia adornando o seio da terra,
Olho do prado, brilho dos campos,
Botão de beleza, afagada pelas alvoradas:
A alma suave do amor ela respira,
A testa da Cípria com mágica adorna;
E, às carícias turbulentas de Zéfiro,
Entrega suas verdejantes tranças
Até que, excitada com o luxuriante jogo,
Faz corar até a luz dos adivinhos.


À Rosa, a autora dedicou várias páginas; o que não aconteceu com nenhuma outra flor. Imagino que, a dedicação à esta flor se deve por ser símbolo do amor, oferenda mais significativa entre amantes e
também símbolo marcante de amizade em qualquer ocasião. Oferecer e receber uma Rosa apenas ou um buquê de Rosas, tem um significado profundo de elegância e consideração suprema.

E Sheila nos brinda com mais informações:
A Rosa é uma das flores mais antigas conhecidas pelo homem e ainda é uma das mais populares. Nabucodonosor usava-as para adornar seu palácio e, na Pérsia, onde eram cultivadas por sua essência perfumada, as pétalas eram utilizadas para encher o colchão do sultão. Em Caxemira, os imperadores mongóis cultivavam belos jardins de rosas e as flores eram jogadas no rio para dar-lhes as boas-vindas quando eles voltavam para casa. Mais tarde, as rosas tornaram-se sinônimo dos piores excessos do Império Romano - os camponeses eram obrigados a plantar apenas rosas em vez de alimentos para satisfazer as exigências de seus governantes. Os imperadores enchiam suas banheiras e fontes com água de rosas e sentavam-se em tapetes de pétalas de rosas em seus banquetes e orgias. 

A Rosa é a flor do Amor. Ela foi criada por Clóris, uma deusa grega das flores, a partir do corpo sem vida de uma ninfa que ela encontrou certo dia em uma clareira no bosque. Pediu a ajuda de Afrodite, a deusa do amor, que deu à flor a beleza; Dionisio, o deus do vinho, ofereceu néctar para proporcionar-lhe um perfume doce; e as três  Graças lhe deram encanto, esplendor e alegria. Depois Zéfiro, o vento oeste, afastou as nuvens com seu sopro para que Apolo, o deus-sol, pudesse brilhar e fazer a planta florescer. E, desta forma, a rosa nasceu e foi logo coroada Rainha das Flores.




E não para por aí, não! Sheila conta mais, muito mais:

Existem muitas lendas contando como as rosas ficaram vermelhas. Os romanos acreditavam que Vênus enrubescera quando Júpiter a pegara banhando-se e, então, a rosa branca transformara-se em vermelha, refletindo as faces da deusa. A lenda grega conta outra história... e os cristãos também deram significado particular à rosa vermelha e branca:

Diz-se que a Virgem Maria colocou seu véu para secar sobre um arbusto de rosas vermelhas que, depois disso, produziu flores de brancura imaculada.

A rosa também foi usada como símbolo em guerras e no teatro de Shakespeare e Sheila aborda ainda a questão e origem da significação das cores, desde Maomé.

Mais uma história contada por Sheila: A rainha Elizabeth I, conhecida como a Rainha Virgem, adotou a Rosa Tudor como seu emblema e escolheu as palavras "Rosa sine spina" como seu mote. Ficou conhecida como a Rosa sem Espinho e muitos dos poetas elisabetanos escreveram sobre ela. 
A rosa tem sido o emblema nacional da Inglaterra desde então. Mas é Shakespeare que tão perfeitamente sumariza as virtudes da rosa em seu soneto.

Ó como mais bela a beleza torna-se                                    
Quando tem o doce ornamento da verdade!
A rosa é bela, mas mais bela a vemos
Pelo doce aroma que nela habita.
As rosas silvestres tem a mesma cor
Que as doces perfumadas,
Os mesmos espinhos, a mesma volúpia
Quando o ar do verão expõe os botões escondidos;
Mas como tem na aparência a única virtude,
Elas vivem esquecidas e murcham obscuras.
Sozinhas morrem. As doces rosas, não;
De suas doces mortes nascem os mais doces perfumes.
Assim também de ti, bela e amável jovem,
Fenecido o frescor, tua verdade em meu verso persiste.
(Soneto LIV, William Shakespeare 1564-1616)

















Se ainda não quiseres

Sonhar com a rosa branca,

Sonhe então com um beijo

Porque é meigo e puro,

Como um anjo,

Como uma rosa branca!...

(In: Sonhos Brancos, poema de Ellen Crista da Silva, anos 70)














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