E é nessas andanças pela vida que, de repente, nos colocam nas mãos um livro assim, tão incrivelmente fantástico a respeito do "Amor". E por ser tão maravilhoso é que não me contive e transcrevo algumas passagens marcantes. Gratidão pelo presente!!!
Cura: o amor redentor. O amor cura. Quando somos feridos nos espaços onde deveríamos conhecer o amor, é difícil imaginar que o amor realmente tenha o poder de mudar tudo. (...) Ou ainda: se em nosso passado fomos amados, sabemos que não importa a presença ocasional do sofrimento em nossa vida, pois sempre voltaremos para a calma e a felicidade recordadas.(237)
Muito antes de os termos "funcional" e "disfuncional" serem usados para identificar tipos de famílias, aqueles entre nós que foram feridos na infância os conheciam, porque sentíamos dor. E essa dor não ia embora quando saíamos de casa. Mais do que a nossa dor, nossos impulsos autodestrutivos e autossabotadores nos aprisionavam nos traumas da infância. Nós éramos incapazes de encontrar consolo ou libertação. Não podíamos escolher a cura, porque não tínhamos certeza de que poderíamos ser reparados, de que os pedaços partidos pudessem ser colados. Nós nos confortávamos fingindo. No entanto, esse consolo não durava. Geralmente, era sucedido por depressão e luto avassalador. Nós desejávamos ser resgatado, porque não sabíamos como nos salvar. Com muita frequência, nos viciávamos em viver perigosamente. Apegando-nos a esse vício, tornava-se impossível estarmos bem com a nossa alma. Assim como ocorre com qualquer outro vício, abandoná-lo e escolher estar bem era a nossa única maneira de resgate e recuperação.
Fingi de muitas formas ao longo de grande parte da minha vida. Quando comecei a caminhar pela trilha do amor, fiquei impressionada com a velocidade com que algumas disfunções anteriores eram alteradas. (240)
Fingi de muitas formas ao longo de grande parte da minha vida. Quando comecei a caminhar pela trilha do amor, fiquei impressionada com a velocidade com que algumas disfunções anteriores eram alteradas. (240)
Fazer a escolha fundamental de ser salva não significa que não precisemos de apoio com problemas e dificuldades. É simplesmente o gesto inicial de assumir responsabilidade pelo nosso bem-estar, admitindo que estamos partidos, admitindo nossos ferimentos, e nos abrindo para a salvação, o que deve ser feito pelo indivíduo. Esse ato de abrir o coração nos possibilita receber a cura que nos é oferecida por aqueles que cuidam. (241)
A cura é um ato de comunhão. (...) A oração oferece um espaço em que falar cura. (...) A oração oferece a cada pessoa um local privado de confissão. Há verdade no axioma "a confissão é boa para a alma". (243)
Depois de fazermos a escolha de sermos curados pelo amor, a fé de que essa transformação virá nos dá a paz na mente e no coração que é necessária para a alma que busca uma revolução. É difícil esperar. (...) Quando nos entregamos `"espera", permitimos que as mudanças emerjam dentro de nós sem ansiedade ou luta. (244)
Rompendo com nosso senso de isolamento e abrindo a janela da oportunidade, a esperança nos dá uma razão para seguir adiante. É uma prática do pensamento positivo. Ser positivo, viver em estado permanente de esperança, renova o espírito. (247)
A prática de amar é a força curativa que nos traz paz duradoura. É a prática do amor que transforma. Conforme alguém dá e recebe amor, o medo vai embora. Conforme vivemos a compreensão de que "não há medo no amor", nossa angústia diminui e reunimos forças para entrar mais profundamente no paraíso do amor. (...)
O poder transformador do amor não é acolhido totalmente em nossa sociedade, porque com frequência acreditamos, de forma equivocada, que o tormento e a angústia são nossa condição "natural". Essa presunção parece ser reforçada pela tragédia constante que prevalece na sociedade moderna. Em um mundo angustiado pela destruição desenfreada, o medo prevalece. Quando amamos, não permitimos mais que nosso coração seja aprisionado pelo medo. (248)
Conforme ansiamos, nos preparamos para receber o amor que está vindo para nós com um presente, uma promessa, um paraíso terreno. (249)
E o livro segue, até a página 263, descrevendo a única possibilidade de auto-salvação, de auto-estima, de, sim, viver feliz. Seja consigo mesmo, seja nas relações pessoais e inter-pessoais, seja com coisas, sonhos, direitos, governos e desgovernos, enfim, em todos os aspectos de nossa vida, nossa vivência.
Título Original: All About Love - New Visions, bell hooks.
Tradução: Stephanie Borges. São Paulo: Elefante, 2021. 272p.
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