E é nessas andanças pela vida que, de repente, nos colocam nas mãos um livro assim, tão incrivelmente fantástico a respeito do "Amor". E por ser tão maravilhoso é que não me contive e transcrevo algumas passagens marcantes. Gratidão pelo presente!!!
Diz Bell Hooks: "Em uma sociedade que considera falar de amor algo naïf, a proposta apresentada por bell hooks ao escrever sobre o tema é corajosa e desafiadora. E o desafio é colocarmos o amor na centralidade da vida. Ao afirmar que começou a pensar e a escrever sobre o amor quando encontrou "cinismo em lugar de esperança nas vozes de jovens e velhos", e que o cinismo é a maior barreira que pode existir diante do amor, porque ele intensifica nossas dúvidas e nos paralisa, bell hooks faz a defesa da prática transformadora do amor, que manda embora o medo e liberta nossa alma." (grifo meu) (09)
"A melhor definição de amor é aquela que nos faz pensar o amor como ação - conforme diz o psiquiatra M. Scott Peck, trata-se da "vontade de se empenhar ao máximo para promover o próprio crescimento espiritual ou o de outra pessoa". Nota-se que o espiritual aqui não está vinculado à religião, mas a uma força vital presente em cada indivíduo. Nesse sentido, a afeição seria apenas um dos componentes do amor. Para amar verdadeiramente devemos aprender a misturar vários ingredientes: cuidado, afeição, reconhecimento, respeito, compromisso e confiança (grifo meu), assim como honestidade e comunicação aberta. (...) Dessa maneira, ao pensar o amor como ação, nos vemos obrigados a assumir a responsabilidade e o comprometimento com esse aprendizado". (12)
"Nós aprendemos sobre o amor na infância, e que nossa família seja chamada funcional ou disfuncional, sejam nossos lares felizes ou não, são eles as nossas primeiras escolas de amor.(...) ...a autora demonstra o quanto o lar da família nuclear é uma esfera institucionalizada de poder que pode ser facilmente autocrática e fascista. Dessa maneira, continua ela, se queremos uma sociedade eticamente amorosa, precisamos desmascarar o mito de que abuso e negligência podem coexistir com amor". (13)
"Começar por sempre pensar no amor como uma ação, em vez de um sentimento, é uma forma de fazer com que qualquer um que use a palavra dessa maneira automaticamente assuma responsabilidade e comprometimento. Somos com frequência ensinados que não temos controle sobre nossos "sentimentos". Contudo, a maioria de nós aceita que escolhemos nossas ações, que a intenção e o desejo influenciam o que fazemos. Também aceitamos que nossas ações têm consequências. Pensar que as ações moldam os sentimentos é uma forma de nos livrarmos de suposições aceitas convencionalmente, como a de que pais amam seus filhos, de que alguém simplesmente "cai" de amores sem exercer desejo ou escolha, de que existe algo chamado "crime passional", isto é, de que ele a matou porque a amava demais. Se nos lembrássemos constantemente de que o amor é o que o amor faz, não usaríamos a palavra de um jeito que desvaloriza e degrada o seu significado. Quando amamos, expressamos cuidado, afeição, responsabilidade, respeito, compromisso e confiança (grifo meu)". (55)
"Quando nos revelamos aos nossos parceiros e descobrimos que isso traz cura, e não dano, realizamos uma descoberta importante: relacionamentos íntimos podem ser um refúgio num mundo de aparências, um espaço sagrado onde podemos ser nós mesmos, como realmente somos.[...] Esse tipo de desvelamento - falar nossa verdade, compartilhar nossas lutas internas e revelar nossas arestas - é uma atividade sagrada, que permite que duas almas se encontrem e se toquem mais profundamente. (John Welwood)" (75)
"Muitas mulheres são casadas com homens que não as apoiaram quando decidiram investir em sua própria educação. (...) O marido e os filhos se mostravam desapontados quando a independência dela (uma mulher entrevistada) os forçava a aceitar mais responsabilidades em relação ao trabalho doméstico. No longo prazo, todos se beneficiaram. Sem falar que essas mudanças fortaleceram a autoestima dela de maneira que lhe mostraram como o amor-próprio tornou possível estar disponível para os outros de um jeito construtivo. Ela estava mais feliz e todos ao seu redor também." (98)
"Criar felicidade doméstica é especialmente útil para pessoas que moram sozinhas e estão aprendendo a amar a si mesmas. Quando nos esforçamos intencionalmente para tornar a nossa casa um lugar onde estamos prontos para dar e receber amor, cada objeto que colocamos ali aumenta o nosso bem-estar. (...) Como meu apartamento é muito menor que os lugares onde me habituei a morar, decidi levar apenas objetos que eu realmente amava - as coisas sem as quais eu sentia que não poderia ficar. É impressionante a quantidade de coisas das quais podemos nos desapegar. (...) Ao dar amor a nós mesmos, concedemos ao nosso ser interior a oportunidade de ter o amor incondicional que talvez tenhamos sempre desejado receber de outra pessoa. Quando interagimos com os outros, o amor que damos e recebemos sempre é necessariamente condicional. Embora não seja impossível, é muito difícil e raro que sejamos capazes de estender o amor incondicional aos outros, em grande parte porque não temos como exercer controle sobre o comportamento deles e não podemos prever ou controlar totalmente nossas reações a suas reações. Podemos, contudo, exercitar controle sobre as nossas. Podemos nos dar o amor incondicional que é o fundamento para a aceitação e a afirmação sustentadas. Quando nos damos esse presente precioso, somos capazes de alcançar os outros a partir de um lugar de satisfação, e não de falta. (...) A luz do amor está sempre em nós, não importa quão fria esteja a chama. Ele está sempre presente, esperando uma fagulha que o inflame, esperando que o coração desperte e nos leve de volta para a primeira lembrança de ser a força da vida dentro de um lugar escuro esperando para nascer - esperando para ver a luz". (106, 107)
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